Reflexão sobre o livro do mês de março “Da Cruz ao Sol
Nascente” de José Alves Martins, S.J.
Iniciei a leitura deste livro com
uma expetativa diferente do habitual, pois a história de Timor,
fundamentalmente o ano de 1991, liga-se afetivamente com Portugal e trouxe-me à
memória vivências ainda muito presentes, ligadas ao grupo de Jovens de Porto de
Mós “AMICIDEI”.
Impressão geral:
Não sei se foi por ter partido da
ligação, que então criei com este país distante, que à medida que fui avançando
na leitura do livro do mês, mais fui sentindo que o autor me transmitia um
sentimento de dor e de sofrimento demasiado sofrido e sem esperança. A
realidade da guerra é sempre terrível, dramática, suja e feia. Tudo o que nos
conta traduz esta realidade.
Percebi também que viveu toda uma
vida dedicada ao povo de Timor, mas não me dei conta, na forma como transmite
os factos que vivenciou, da alegria com que, por certo, o fez, pois tem que
haver muito amor nesta entrega de si mesmo.
Análise mais em pormenor:
De tudo o que nos foi contado
realço “O Massacre de Santa Cruz” (pág 115-121), pois lembro-me perfeitamente
das imagens do massacre, então passadas na televisão portuguesa e que agora,
depois de ler o livro, sei que foram “colhidas pelo jornalista inglês Max Stahl
em condições muito perigosas e arriscadas. Foi, quando escutei a ave-maria,
rezada em português, lá tão longe, num país encravado num domínio da religião
islâmica, que me deixei envolver no movimento de solidariedade pelo povo de
Timor, que percorreu o nosso país de Norte a Sul. Por tudo isto senti com mais
intensidade, com mais emoção, tudo o que o Pe. José Alves Martins relata sobre
o que se passou nesse dia. É caso para agradecer ao jornalista que, mesmo com
tantas dificuldades, correndo tantos riscos, fez chegar ao mundo inteiro uma
parte do tanto que sofreu aquele povo.
Registo também alguma frases,
pois embora escritas no contexto do livro, ajudam-me no meu viver de cada dia.
Pag. 139 – “É necessário saber
esperar. A hora de Deus chega sempre. Nada é definitivo neste mundo. Tudo é
provisório e passageiro.”
Pág. 195 – “Nos momentos mais
angustiantes e nos momentos mais alegres perguntava: O que significa isto? Qual
a mensagem de Deus para mim? Estou convencido desta realidade: Deus fala-nos
através da nossa história pessoal, dos nossos fracassos e sucessos…”
Pág.197 – “Cada um de nós possui
quatro vocações. A primeira é o chamamento que Deus faz a cada criatura,
chamando-a pelo nome… Vem a seguir a vocação cristã. …A terceira vocação é o
modo como me quero realizar como criatura e como filho de Deus. Chamo à quarta
vocação a minha vocação pessoal, isto é,
eu quero assumir um determinado estado de vida como o melhor para mim: à
vida consagrada ou ao estado matrimonial…”
Pág.199 – De facto só percebemos
a voz de Deus que fala, que passa como suave brisa, quando nos colocamos à
porta da gruta da nossa alma, como Elias no Monte Horeb. Todos os esquemas
teológicos, todos os livros cheios de sabedoria espiritual, nada nos dizem se não
experimentamos Deus.”