Viver Deus na alegria













Em termos gerais:  
Adorei o livro, ou melhor, adorei a história de vida que o livro nos traz. Não foi tanto a forma como está escrito, nem tão pouco a seleção que foi feita do que devia constar nesta edição, mas gostei imenso de ir descobrindo esta alma de eleição, através das cartas, que nos vão revelando a profundidade de entrega desta jovem, ao longo do pouco tempo que viveu neste mundo.
Realço, tal como o fez o Pe. Joseph de Sainte Marie, na “Apresentação” do livro, a importância, não só dos diversos dons com que Claire foi agraciada por Deus, mas, sobretudo, da educação cristã, desde bebé, que recebeu no seio da sua família, com especial relevância para a intervenção dos seus pais.
É também de assinalar que não se tratou de uma vida fácil, pois, para além do seu próprio sofrimento, com internamento hospitalar por várias vezes, acompanhou o seu pai e a sua mãe quando estes, por sua vez, foram hospitalizados.
Outro marco importante do seu crescimento, no amor e entrega  a Deus, é a fase em que foi estudar para Roma em que, passa por várias experiências, entre as quais uma crise espiritual, da qual acaba por sair muito mais “madura”.
Também é de referir a importância da sua peregrinação à Terra Santa, como o culminar de uma caminhada em direção à descoberta do verdadeiro Amor, terminando ela por escrever, na página 149: “…uma peregrinação extenuante e transtornante, no sentido próprio do termo. Em três semanas, a minha vida mudou completamente de ótica: além da minha familiaridade com a Santíssima Virgem, descubro o Amor de Deus, imenso, surpreendente e tão simples.”
A seguir acompanhamo-la  até Assis, no restauro da capela de S.Martinho, de Simone Martini e dá para perceber quão sensível e apaixonada pela arte, pelo “belo”(…) “maravilhosos frescos, aliás muito, muito belos, os mais belos das duas basílicas e, sobretudo, cheios de vida espiritual que não pode deixar de nos tocar. Incrível como, seis séculos e meio depois, este tipo pode fazer passar para nós a sua alma, enquanto o restauramos.”
Por fim, o que ressalta como denominador comum, que perpassa por toda a vida de Claire, é a alegria, que vive e espalha à sua volta, na qual envolve todos os que com ela convivem. É uma alegria missionária, através da qual procura cativar todos para Deus.

Mais em pormenor:
Pág. 58 – “… a vida é bela, o tempo também, e também o desenho a aguarela que fiz: a minha primeira aguarela!
            - sinto-me livre, ainda que no convento, e cheia de dons em potência, que procuro desenvolver convosco (com a vossa ajuda).
            - um trabalhador canta e é feliz por viver. Eu também.
            - um raio de luz brinca por cima dos tijolos da lareira.
            É curioso, quantos motivos de felicidade se podem encontrar se refletirmos! A vida não é senão felicidade! São os homens que fazem a infelicidade. Se toda a gente o pudesse compreender! (setembro de 1969 – 16 anos).

Pág. 59 – “ (…) Dizes estar triste. Ó! Porquê? Porquê, se a vida, globalmente, é tão bela e, nas pequenas coisas, a vida pode ser tão bela!(…) Nunca desanimes! É a pior das asneiras. Assim que começares a fraquejar, chama depressa a Virgem Santíssima e o teu Anjo da Guarda, e está segura que te ajudarão. São os melhores amigos, e tão poderosos! Depois, agradece-lhes. O remédio é excelente. Foi a minha Mãe que me ensinou isto na infância …”

Pág.75/76 – “(…) não tendo podido ir à Missa da manhã, por me ter levantado tarde, venho agora de lá: é uma menos um quarto. Estou cheia de Deus, não podes fazer ideia até que ponto; ao voltar à motorizada, rezei intensamente para que participes comigo desta plenitude. Não te é possível materialmente? Mas não achas extraordinário poder fazê-lo a mil quilómetros de distância? O que me faz pensar em Van Gogh, que se maravilhava de «tudo» sob o sol: seja um, mil ou dez milhões, temos sempre a mesma possibilidade de calor ao sol, e um homem sozinho não teria mais calor do que a multidão. O sol é para todos e para cada um e reparte-se sem se decompor.”

Pág.169 – “Esta apoteose de alegria, esta vitalidade, manifesta-as a todo o instante. Irradia felicidade. Repete incansavelmente: «Sou feliz! Amo tanto a vida! Mas percebei como eu sou feliz! Como Deus é bom!». Esta felicidade profunda não se desmente com o passar dos dias. É verdade que se conhecia uma Claire de um natural alegre, que ria às gargalhadas, levando as coisas com humor e sã filosofia, feliz de viver e proclamando-o… Mas esta Claire que regressou, esta Claire tinha mudado: era outra. Estava literalmente transfigurada. E esta alegria não enganava. Era bem a alegria dos filhos de Deus, que tudo entregam nas suas mãos, que Lhe consagram uma confiança absoluta, que já nada temem, de tanto amados que se sentem e de tanto que amam. Provada e purificada, a sua fé triunfava.”

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