Homilia de Dia de Fiéis Defuntos - 02/11/2011

HOMILIA DE DIA DE FIÉIS DEFUNTOS,
SÃO PEDRO PORTO DE MÓS – 02/11/2011



Durante este fim-de-semana ouvi uma entrevista com o Dr. António Marinho Pinto, Presidente da Ordem dos Advogados.
Falava-se do facto dos portugueses não prepararem a morte no sentido de fazerem um testamento com a discriminação dos bens e a quem eles devem ser distribuídos depois da sua morte.
Por essa razão é que, dizia ele, existem muitos processos nos tribunais de heranças e que demoram anos e anos a serem resolvidos.
A conclusão da entrevista era esta: que todos devem preparar bem a sua morte, porque ninguém vive para sempre e morrer é uma arte.
Aproveitando esta deixa do Presidente da Ordem dos Advogados, também concordo que todos nós devemos preparar bem a nossa própria morte.
De facto, que ninguém pense que vive para sempre. E se alguém possa pensar assim ou vive como se pensasse desse modo, é melhor mudar de atitude e de visão para não ser apanhado de surpresa.
A morte é uma fatalidade, no sentido em que ninguém pode fugir dela.
E com certeza, é bom pensar na morte e no significado que ela tem para cada um de nós.
Bem sabemos que do modo como pensamos e do significado que damos à morte é que depende a maneira como vivemos a nossa vida e a intensidade/profundidade com que os dias vão passando por nós.



Por exemplo se para nós nada mais existe depois da morte então podemos gozar em todos os sentidos da palavra enquanto a vida durar, mesmo que para isso usemos e abusemos dos outros. O que interessa é aproveitar ao máximo enquanto se pode. Algumas pessoas parecem viver assim.
Outras, porque sabem que vão morrer e que não lhes aproveita nada dos bens materiais, desleixam-se, algumas até deixam de trabalhar.
Para nós cristãos a morte é um acontecimento doloroso, determinante mas ultrapassável. Nós sabemos, pois faz parte da nossa fé, que depois da morte há uma vida nova, a vida eterna. Que esta vida eterna é a continuação da essência desta.
Não é a mesma vida material, mas sim é a mesma vida espiritual.
Sabemos também que esta vida tem a sua origem e os seus sustentáculos em Deus.
Nós acreditamos que Deus existe.
Ora, só este Deus tem o poder de nos fazer passar da morte para a vida.
Sabemos também que este Deus é bom e misericordioso e que dará a vida eterna a todos mas que esta não será vivida de igual modo. Sabemos que quem neste mundo se esforçar por fazer obras “boas e belas” como o nosso bispo nos diz na sua Carta Pastoral para este ano, esses terão maior recompensa no Reino dos Céus e, certamente, serão mais felizes e estarão em maior comunhão com Deus.
Por isso mesmo, todos os nossos actos, gestos e palavras neste mundo onde vivemos têm uma repercussão divina.
Por isso Jesus disse no Evangelho de São Mateus: - “Quem vos recebe, a mim recebe; Quem recebe um profeta por ele ser profeta receberá a recompensa de ser profeta; e quem recebe um justo por ele ser justo, receberá recompensa de justo. E quem der de beber a um destes pequeninos, ainda que seja somente um copo de água fresca, por ser meu discípulo, em verdade vos digo: não perderá a sua recompensa.”
Como vemos, todas as nossas obras terão a sua respectiva recompensa por parte de Deus. E é por demais evidente que essa recompensa será boa na medida e na proporção que as nossas palavras, gestos, atitudes e tudo mais forem boas e dignas.
Se as nossas obras forem más é sobre cada um de nós que mais cedo ou mais tarde, e finalmente, na vida eterna, teremos a justa recompensa que será certamente negativa.
Por isso, para nós cristãos e para nós que aqui estamos, o fundamental é, desde já, nos preocuparmos em fazer obras dignas da nossa condição de pessoas humanas e de pessoas com fé.
Por isso, todos sem excepção e desde já, devemos procurar ter atitudes, palavras, pensamentos, obras justas e honestas, honradas e nobres, puras e santas.
É agora, enquanto temos capacidade para o fazer que devemos fazer essas obras dignas de quem foi baptizado e é digno de ser chamado Filho de Deus.
É agora que devemos unir-nos a Jesus. Ele disse à multidão como ouvimos no evangelho: “Eu sou o pão vivo que desceu do céu. Quem come deste pão viverá eternamente.”
É Ele que diz: “Se não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós” (Jo 6. 51-58) Quem come a minha carne e bebe o meu sangue terá a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia.”
Por fim pensamos no que disse Jesus noutra passagem de escritura: “De que vale ganhar o mundo inteiro se vier a perder a sua alma.” (Mt 16.26).


P. José Martins Alves
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