Viver e celebrar com gratidão e
esperança em Deus
Lectio divina para o I domingo do Advento
Breve introdução
Não se pode assumir
a vida apenas como cumprimento de obrigações ou com orgulho pelos próprios
conhecimentos e bens, num sentimento de autossuficiência e de altivez. Os
verdadeiros cristãos reconhecem que a sua vida, capacidades e bens são dons de
Deus. Por isso, vivem com gratidão para com ele e encontram nele o fundamento da
própria fé e esperança. Qual é a minha atitude predominante na vida?
Preparando-nos
para a celebração do Natal de Jesus, o tempo de Advento, evoca a experiência
espiritual do antigo povo de Deus na espera do Messias, aviva a esperança da
segundo vinda do Senhor, que invocamos na Eucaristia dizendo “Vinde, Senhor
Jesus!”, e desperta-nos para o encontro espiritual com Jesus vivo na vida
quotidiana e, em especial, na Eucaristia.
Empenhemo-nos na
preparação pessoal, familiar ou de grupo, para o encontro com o Senhor na
celebração comunitária da Eucaristia, no próximo domingo. Escutemos juntos a
Palavra de Deus, buscando nela luz, sabedoria e esperança para a vida
quotidiana.
1. Invocação
Pai santo, nós
te damos graças pela vida, a fé e tantos outros dons.
A tua palavra nos
ensine a ser-te grato e nos inspire a participar na Eucaristia bendizendo-te
pela tua imensa bondade. Ámen.
2. Escuta da Palavra de Deus
2.1. Vamos ouvir o início da carta S. Paulo à
comunidade cristã de Corinto. O Apóstolo saúda os cristãos e dá graças a
Deus pela abundância de dons que lhes concedeu através de Jesus Cristo. Eles vivem
entre duas situações: o passado, quando receberam o dom da fé, e o futuro,
caracterizado pela espera da “manifestação de Nosso Senhor Jesus Cristo”. Graças
à fidelidade de Deus, a ação de Cristo neles é fonte de esperança para
corresponderem e viverem plenamente a sua vocação até à comunhão total com
Cristo, quando se manifestar totalmente.
2.2. Leitura da Primeira carta de S. Paulo
aos Coríntios (1, 3-9)
3Graça e paz vos sejam dadas da parte de Deus, nosso
Pai,
e do Senhor Jesus Cristo.
4Dou incessantemente graças ao meu Deus por vós,
pela graça de Deus que vos foi concedida em Cristo
Jesus.
5Pois nele é que fostes enriquecidos com todos os dons,
tanto da palavra como do conhecimento.
6Assim, foi confirmado em vós o testemunho de
Cristo,
7de modo que não vos falta graça alguma,
a vós que esperais a manifestação de Nosso Senhor
Jesus Cristo.
8É Ele também que vos confirmará até ao fim,
para que sejais encontrados irrepreensíveis no Dia de
Nosso Senhor Jesus Cristo.
9Fiel é Deus, por quem fostes chamados à comunhão com
seu Filho,
Jesus Cristo Nosso Senhor.
2.3. Breve comentário
A pregação do
Evangelho encontrou nos coríntios grande adesão. A generosidade de Deus foi
abundante, derramando naquela comunidade múltiplos dons do Espírito. Desenvolveu-se
ali uma Igreja dinâmica e Paulo sentiu a necessidade de orientar para o bem
comum os dons particulares recebidos e também para que os crentes mantivessem firmes
“o testemunho de Cristo”. O Apóstolo dá então graças a Deus por estes cristãos
e pela riqueza espiritual que neles se manifestou. É pela ação de Cristo neles
que podem viver a esperança e a comunhão com Cristo.
Cada cristão recebeu
igualmente dons espirituais no batismo e nos demais sacramentos. Ficaram unidos
a Cristo e caminham rumo ao futuro, animados pela esperança que vem dele. A
comunhão com Cristo gera entre os fiéis a comunhão fraterna, quando partilham
uns com os outros os dons e bens materiais e espirituais que recebem. De que
dons me sinto beneficiário? Que dons posso partilhar com os outros e receber
deles?
Em cada
Eucaristia, o sacerdote saúda os fiéis com as palavras de Paulo ou com outras semelhantes:
“A graça e a paz de Deus, nosso Pai, e de Jesus Cristo, nosso Senhor, estejam
convosco”. E os fiéis respondem: “Bendito seja Deus, que nos reuniu no amor de
Cristo”. Manifestam assim o reconhecimento a Deus e confessam que foi ele quem
tomou a iniciativa de os reunir no amor de Cristo. A Eucaristia é ação de
graças de Cristo ao Pai no Espírito, na qual também os fiéis participam, juntando
os próprios motivos de agradecimento. Entre os bens pelos quais dão graças, pois
os recebem da bondade de Deus”, estão o pão e o vinho, que reconhecem como “frutos
da terra, da videira e do trabalho do homem” e que se tornarão “pão da vida e
vinho da salvação”. E os fiéis respondem com a oração de bênção: “Bendito seja
Deus para sempre”. Na celebração, damos graças a Deus pela sua obra e pelos
dons que gratuitamente nos concede.
3. Silêncio meditativo e diálogo
- Dou incessantemente graças ao meu Deus por
vós, pela graça de Deus que vos foi concedida em Cristo Jesus. A obra
maravilhosa de Deus na comunidade cristã de Corinto é motivo da ação de graças de
Paulo. Que motivos identificamos na família, na comunidade e na nossa vida para
agradecer a Deus? Com que frequência o fazemos?
- (Em Jesus
Cristo) é que fostes enriquecidos com todos os dons, tanto da palavra como do
conhecimento. Ser cristão é conhecer e participar da vida e dos dons
de Jesus Cristo. Procuramos conhecê-lo no estudo e na escuta orante no
Evangelho, tanto pessoalmente como na comunidade cristã?
- ... não vos
falta graça alguma, a vós que esperais a manifestação de Nosso Senhor Jesus
Cristo. Recebemos o Evangelho, a fé, os sacramentos, a comunidade cristã...
Falta-nos alguma coisa para vivermos plenamente como cristãos neste tempo?
- É Ele também
que vos confirmará até ao fim, para que sejais encontrados irrepreensíveis no
Dia de Nosso Senhor Jesus Cristo. É Jesus quem nos fortalece, faz crescer,
purifica, santifica e guia para ele. Deixamo-nos efetivamente ajudar por ele?
- Fiel é Deus,
por quem fostes chamados à comunhão com seu Filho, Jesus Cristo Nosso Senhor.
Conscientes da nossa debilidade, podemos contar com a fidelidade de Deus, que
quer a todo o custo levar a bom termo a vocação a que nos chamou. Confiamos na
graça de Deus e em Jesus Cristo que sustentam a nossa esperança e os esforços
para que a nossa vida cristã dê bons frutos?
- Em cada Eucaristia, apresentamos no altar o pão e o
vinho, expressão dos dons que recebemos de Deus e se tornam comunhão com Cristo
e força para a comunhão fraterna. Apresento ao altar com gratidão os dons
materiais, pessoais e espirituais que constantemente recebo de Deus?
4. Oração final e gesto familiar
- Em silêncio, perguntando: Senhor, que queres dizer-me com esta
palavra?, cada um procura escutar e descobrir dentro de si o que Jesus
ilumina, inspira ou sugere...
- Depois, com palavras ou algum
gesto, pode partilhar com os outros o que sentiu e o compromisso que assume.
Podem dizer a que missa vão no domingo.
- Terminam, levantando as mãos e
rezando juntos o Pai Nosso.
(Se
a família ou grupo quiserem, podem enriquecer o encontro com um cântico)
P. Jorge Guarda