HOMILIA – 4/07/2021 – Festa de São Pedro
Neste dia de
festa São Pedro meditemos na obrigação que todos nós temos de ser continuadores
da missão de Pedro nos dias de hoje e que se resume em sermos construtores da
Igreja.
Foi moda muitas
pessoas dizerem que tem fé em Deus mas que não tem fé na igreja. Acreditam
muito em Deus mas não acreditam na Igreja.
Só que esta
dicotomia não existe porque uma realidade exige a outra.
Ninguém pode
ter fé senão usar a igreja ou pelo menos uma igreja para tal.
Ninguém pode
ter fé se essa fé não lhe for transmitida assim como ninguém pode nascer por
geração espontânea. A fé também não é de geração espontânea. Não aparece caída
do céu. Mas recebe-se, desenvolve-se e cresce até chegar à plenitude do reino
dos Céus em que a mesma fé se transforma na realidade gloriosa de Deus e na
visão e participação total no mistério de Deus.
Por isso a
igreja é necessária para a transmissão da fé, para a sua efetivação com a
realização dos sacramentos. Também a vivência da fé só é possível em família em
comunhão e isso é Igreja!
Afinal a Igreja
é a fé vivida por cada um de nós nas suas mais diversas formas, vivência ou
manifestações.
Numa equação
matemática poderíamos dizer que a Igreja é igual a fé e fé é igual a Igreja.
E estas duas realidades realizam-se na proporção direta. Assim, mais fé é igual
mais igreja e mais igreja é igual a mais fé.
Por esta razão
é q a igreja não é uma associação, clube, partido político, sociedade secreta,
ou outro qualquer tipo de organização. A Igreja é a fé que cada um tem e vive
na sua vida.
A mesma Igreja tem, efetivamente, uma organização interna, mas esta não é
mais que a espinha dorsal que dá corpo à fé e está ao serviço da fé.
Por isso, a Igreja não pode nunca ser confundida com a organização muitas
vezes apresentada como teocracia piramidal: Papa, bispos, padres e leigos. A
Igreja tem de ser a fé de todos nós e todos nós somos igreja na medida em que
temos fé.
John Kennedy, um dos maiores presidentes dos Estados unidos da América,
disse um dia isto que traduzo livremente:
“Não perguntes o que a tua pátria pode fazer por ti. Pergunta o que tu
podes fazer por ela.”
Esta máxima aplica-se exatamente a todos nós em relação à Igreja.
Não perguntes o que a Igreja pode fazer por ti mas o que tu podes fazer
pela Igreja.
Isto muda tudo. É uma “revolução compernicana”.
A Igreja deixa de ser um supermercado passa a ser a nossa casa!
Por isso, o Papa Francisco fala muito na Igreja doméstica. A Igreja da
nossa Casa.
E isto muda tudo. Vai mudar a catequese. Tem de mudar as liturgias. Tem de
mudar a participação de cada um de nós.
Não somos um espetador ou beneficiário de um serviço. Somos agentes ativos,
dinâmicos, permanentes da fé! E a fé é ser Igreja. E a Igreja é ser
evangelizador, profeta.
Deste modo seremos missionários por natureza e de forma permanente. Porque
a fé já não será vivida quando morre o nosso avô, pai, mãe ou algum filho, mas
é vivida da alegria e nas dificuldades de cada dia. E todos os dias seremos
construtores da Igreja porque todos os
dias a nossa fé iluminará nossa vida.
Deste modo, a Igreja terá a dimensão de todos nós e da nossa comunidade e
as suas pedras serão Jesus como pedra angular, depois pedro, como a pedra fundacional
e depois todos nós como pedras vivas do templo do Senhor.
Mesmo que sejamos limitados, fracos, pecadores seremos essas pedras
vivas.
Paulo sentia-se fraco e vulnerável, com um espinho no seu corpo, colocado
pelo anjo de Satanás” mesmo assim ele dizia:
Tudo posso naquele em quem confio. Isto é fé, isto é ser Igreja;
Com a graça de Deus cada um de nós tudo pode! E já não contam os nossos
defeitos, limitações, pecados, mas conta a Graça de Deus em nós, ou seja, conta
a fé em nós.
Se tivermos esta certeza, certamente que construiremos, todos os dias, a
Igreja de Jesus que São Pedro nos ensina a construir. Este deve ser o voto e o
compromisso deste dia de festa.
São Pedro, rogai por nós!
P. José Alves