Eucaristia

 

Dicionário elementar de liturgia

José Aldazábal

 


Eucaristia

 

É o sacramento central dos cristãos, o alimento sacramental em que Jesus Cristo se dá à sua comunidade, sob o sinal do pão e do vinho, para a tornar partícipe da sua própria Pessoa Gloriosa, do seu Corpo e Sangue, entregues de uma vez por todas na Cruz e, agora, na sua existência pascal escatológica.
A palavra vem do grego, eu (bom) e charis (graça) = «boa graça» (em sentido descendente); ou «acção de graças» (em sentido ascendente). Quando os Evangelhos descrevem os gestos da Última Ceia, recordam que Jesus «tomou o pão e deu graças» (eucharistesas). Não é de estranhar, portanto, que por volta do ano 100, o nome Eucaristia se acrescentasse às outras denominações usadas pelas primeiras comunidades para designar este sacramento: Fracção do Pão e Ceia do Senhor. A seguir, chamar-se-ia Synaxis (reunião, acção conjunta), Missa, etc.
Os Evangelhos sinópticos e Paulo (cf. 1Cor 11,17-34) transmitem-nos como Cristo, na sua ceia de despedida, encarregou a comunidade de celebrar
o sacramento do seu Corpo entregue e do seu Sangue derramado, sob a forma do pão e do vinho. Como a Última Ceia foi um sacramento antecipado da sua entrega na Cruz, a Eucaristia será, até ao final dos tempos, o memorial do seu sacrifício pascal.
A Igreja, gozosamente convencida, desde o princípio, de que, neste sacramento, Cristo se torna realmente presente na comunidade reunida, na Palavra proclamada e, sobretudo, no pão e no vinho, que a palavra de Cristo e a acção do Espírito convertem no seu Corpo e Sangue, há dois mil anos que se reúne, sobretudo ao domingo, no dia do Senhor Ressuscitado, para celebrar a Eucaristia. Esta, desde muito cedo, se estruturou com uma primeira parte de escuta da Palavra e uma segunda de Oração Eucarística e comunhão: a dupla mesa para a qual Cristo convida os seus.
Os frutos da comunhão eucarística descreve-os, deste modo, o Catecismo (cf. CIC 1391-1401): pela Eucaristia a comunidade une-se mais ao seu Senhor («Quem come a minha Carne e bebe o meu Sangue permanece em mim e Eu nele… Eu vivo pelo Pai, também o que me come viverá por mim»: Jo 6,56-57); robustece-se na sua luta contra o mal e o pecado; cresce na fraternidade eclesial («Uma vez que há um único pão, nós, embora muitos, somos um só corpo, porque participamos desse único Pão»: 1Cor 10,17), enquanto sente o desejo de poder celebrá-la em plena unidade com todos os cristãos. Ao mesmo tempo, sente-se interpelada pela atitude fundamental de Cristo: a sua entrega pelos outros, e trata de o imitar com um comportamento em favor dos pobres.
Os livros litúrgicos com os quais a comunidade celebra a Eucaristia foram revistos e reformados por incumbência do Concílio (cf. SC 50, em 1963): o Missal de Paulo VI, editado em 1970, e o Leccionário, na sua primeira edição de 1969 e a renovada de 1981.